Arte Contemporânea Italiana (1950-2000)
08 Aug - 14 Sep 2008
ARTE CONTEMPORÂNEA ITALIANA (1950-2000)
COLEÇÃO FARNESINA
Curador do MASP Teixeira Coelho
São Paulo tem com a arte italiana uma relação longa e intensa, talvez apenas algo esgarçada em anos mais recentes, por distintos e ocasionais motivos. Em edições heróicas da Bienal de São Paulo, num passado que já se distancia, viram-se obras e artistas italianos que a seu momento estavam marcando fortemente o cenário internacional, como Burri e Pistoletto, e que mantinham vivo diálogo com os jovens locais, artística, cultural e socialmente ativos num momento em que ser tudo isso ao mesmo tempo tinha seu claro preço, pessoal e político.
Afinal, eram os anos de chumbo da ditadura no Brasil, nos quais aqueles artistas italianos, ao lado de tantos outros do mundo todo - quando para cá aceitavam vir, o que não era sempre - injetavam doses animadoras de renovação, radicalismo e liberdade. E antes disso, outros contatos sugestivos com a arte italiana haviam sido possíveis graças às coleções de Ciccillo Matarazzo e sua esposa, Yolanda Penteado, que trouxeram para a cidade os grandes nomes modernos da primeira metade do século italiano, como Balla, Boccioni, Marino Marini e outros que fizeram a ponte entre a modernidade e a contemporaneidade, como o central Lucio Fontana.
Esta exposição de 98 obras da Coleção Farnesina permite agora complementar a experiência artística italiana do século, com nomes que se firmaram nas décadas mais recentes. Nem por serem mais recentes são menos relevantes. Pelo contrário: um território destacado da arte contemporânea, conhecido pelo nome polêmico porém necessário de pós-modernidade, foi criado em larga medida no espaço cultural italiano sob o rótulo de transvanguarda, que lhe deu o crítico Bonito Oliva ao final dos anos 70. E ao lado dos expoentes desse movimento, como Francesco Clemente, Sandro Chia e Mimmo Paladino, comparecem também nesta mostra os que se fizeram adeptos do anacronismo e da arte povera e da acaso menos conhecida Escola da Piazza del Popolo.
Os nomes que já são história de fato aqui se acumulam: Emilio Vedova, Jannis Kounellis, Renato Guttuso - a lista é longa. Mais do que nomes, o que se dá a ver são imagens eloqüentes que portam, todas, a marca reconhecível do aqui e agora própria da arte contemporânea internacional.
Que esta mostra se realize precisamente no MASP é um fato feliz para o museu: a coleção que ele tem de arte italiana proveniente de um grande passado épico - um passado no entanto sempre reatualizado no presente, uma vez que toda grande arte é eternamente arte contemporânea - oferece uma moldura única, compreensiva e abrangente, para a recepção da Coleção Farnesina, numa exposição que facilmente poderia adotar o título de uma de suas obras, assinada por Vinício Berti: Olhar para o alto (logicamente).
Noventa e oito obras de 98 artistas contemporâneos italianos chegam no início de agosto ao MASP. A mostra, itinerante em todo o mundo, tem um recorte específico para a América do Sul, passou pelo Chile e Peru e depois segue para a Argentina. Promovida em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores italiano e o Istituto Italiano di Cultura de São Paulo, Arte Contemporânea Italiana (1950-2000) - Coleção Farnesina reúne pinturas, esculturas, mosaicos e instalações que marcaram a produção artística italiana da 2a metade do século 20.
O conjunto de obras passa pelo informalismo, com obras do ítalo-argentino Lucio Fontana, considerado precursor do movimento minimalista na Itália; e de Alberto Burri, cuja obra se destaca pelo uso de diferentes materiais em suas telas. Atravessa os períodos de abstração, figuração, os anos 60, a pop art e a arte conceitual, até chegar à vídeo-arte. Representando períodos pontuais desses movimentos artísticos italianos, a mostra traz obras de Michelangelo Pistoletto, Mimmo Rotella, Mimmo Paladino, Francesco Clemente, Piero Manzoni e Sandro Chia, entre outros - clássicos da arte contemporânea mundial.
Sob a curadoria de Maurizio Calvesi, a Collezione foi especialmente estudada para a América Latina. Obras da Coleção Farnesina passaram pela Índia, Japão e Sérvia. Em 2008, foi montada no Chile e no Peru e depois de São Paulo segue para a Argentina. As obras fazem parte do acervo do Ministério das Relações Exteriores de Roma, localizado em um prédio conhecido como La Farnesina.
COLEÇÃO FARNESINA
Curador do MASP Teixeira Coelho
São Paulo tem com a arte italiana uma relação longa e intensa, talvez apenas algo esgarçada em anos mais recentes, por distintos e ocasionais motivos. Em edições heróicas da Bienal de São Paulo, num passado que já se distancia, viram-se obras e artistas italianos que a seu momento estavam marcando fortemente o cenário internacional, como Burri e Pistoletto, e que mantinham vivo diálogo com os jovens locais, artística, cultural e socialmente ativos num momento em que ser tudo isso ao mesmo tempo tinha seu claro preço, pessoal e político.
Afinal, eram os anos de chumbo da ditadura no Brasil, nos quais aqueles artistas italianos, ao lado de tantos outros do mundo todo - quando para cá aceitavam vir, o que não era sempre - injetavam doses animadoras de renovação, radicalismo e liberdade. E antes disso, outros contatos sugestivos com a arte italiana haviam sido possíveis graças às coleções de Ciccillo Matarazzo e sua esposa, Yolanda Penteado, que trouxeram para a cidade os grandes nomes modernos da primeira metade do século italiano, como Balla, Boccioni, Marino Marini e outros que fizeram a ponte entre a modernidade e a contemporaneidade, como o central Lucio Fontana.
Esta exposição de 98 obras da Coleção Farnesina permite agora complementar a experiência artística italiana do século, com nomes que se firmaram nas décadas mais recentes. Nem por serem mais recentes são menos relevantes. Pelo contrário: um território destacado da arte contemporânea, conhecido pelo nome polêmico porém necessário de pós-modernidade, foi criado em larga medida no espaço cultural italiano sob o rótulo de transvanguarda, que lhe deu o crítico Bonito Oliva ao final dos anos 70. E ao lado dos expoentes desse movimento, como Francesco Clemente, Sandro Chia e Mimmo Paladino, comparecem também nesta mostra os que se fizeram adeptos do anacronismo e da arte povera e da acaso menos conhecida Escola da Piazza del Popolo.
Os nomes que já são história de fato aqui se acumulam: Emilio Vedova, Jannis Kounellis, Renato Guttuso - a lista é longa. Mais do que nomes, o que se dá a ver são imagens eloqüentes que portam, todas, a marca reconhecível do aqui e agora própria da arte contemporânea internacional.
Que esta mostra se realize precisamente no MASP é um fato feliz para o museu: a coleção que ele tem de arte italiana proveniente de um grande passado épico - um passado no entanto sempre reatualizado no presente, uma vez que toda grande arte é eternamente arte contemporânea - oferece uma moldura única, compreensiva e abrangente, para a recepção da Coleção Farnesina, numa exposição que facilmente poderia adotar o título de uma de suas obras, assinada por Vinício Berti: Olhar para o alto (logicamente).
Noventa e oito obras de 98 artistas contemporâneos italianos chegam no início de agosto ao MASP. A mostra, itinerante em todo o mundo, tem um recorte específico para a América do Sul, passou pelo Chile e Peru e depois segue para a Argentina. Promovida em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores italiano e o Istituto Italiano di Cultura de São Paulo, Arte Contemporânea Italiana (1950-2000) - Coleção Farnesina reúne pinturas, esculturas, mosaicos e instalações que marcaram a produção artística italiana da 2a metade do século 20.
O conjunto de obras passa pelo informalismo, com obras do ítalo-argentino Lucio Fontana, considerado precursor do movimento minimalista na Itália; e de Alberto Burri, cuja obra se destaca pelo uso de diferentes materiais em suas telas. Atravessa os períodos de abstração, figuração, os anos 60, a pop art e a arte conceitual, até chegar à vídeo-arte. Representando períodos pontuais desses movimentos artísticos italianos, a mostra traz obras de Michelangelo Pistoletto, Mimmo Rotella, Mimmo Paladino, Francesco Clemente, Piero Manzoni e Sandro Chia, entre outros - clássicos da arte contemporânea mundial.
Sob a curadoria de Maurizio Calvesi, a Collezione foi especialmente estudada para a América Latina. Obras da Coleção Farnesina passaram pela Índia, Japão e Sérvia. Em 2008, foi montada no Chile e no Peru e depois de São Paulo segue para a Argentina. As obras fazem parte do acervo do Ministério das Relações Exteriores de Roma, localizado em um prédio conhecido como La Farnesina.