MASP Museu de Arte de Sao Paulo

Sigmar Polke

Realismo Capitalista E Outras Histórias Ilustradas

28 Oct 2011 - 29 Jan 2012

Sigmar Polke, Girlfriends I, 1967
Na primeira exposição internacional de SIGMAR POLKE após sua morte em junho de 2010, aos 69 anos, o MASP apresenta, com o apoio do Deutsche Bank e da Mercedes-Benz, a série completa das obras gráficas do artista, produzidas entre 1963 e 2009. Ao todo, mais de 220 estampas e objetos cedidos pelo colecionador Axel Ciesielski fazem parte da mostra, além das 25 obras em técnica mista (gravura, desenho, colagem) da série Day by Day, concebida por Polke para a Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1975 e cedidas à mostra por uma coleção privada. Na época apresentada em cadernos, o MASP trará agora os originais, inéditos no Brasil.

Assim como a mostra coletiva Pintura Alemã Contemporânea - Se não neste tempo e Lugares, Estranhos e Quietos, de Wim Wenders, ambas trazidas a São Paulo no ano passado, a mostra SIGMAR POLKE - Realismo Capitalista e outras histórias ilustradas projeta o MASP no cenário internacional da produção contemporânea. Com curadoria de Tereza Arruda e colaboração de Teixeira Coelho, a mostra estará em cartaz de 28 de outubro a 29 de janeiro de 2012, no 1o andar.

Sobre Sigmar Polke

Considerado uma das mais significativas forças criativas da Europa no pós-Guerra, Polke nasce em 1941 na Silésia – região incorporada à Alemanha Oriental em 1949 e hoje compartilhada pela Polônia, República Tcheca e Alemanha. Aos doze anos muda-se com a família para a então Alemanha Ocidental e aos 20 é aceito na Academia de Artes de Düsseldorf. Em 1963 ganha visibilidade ao organizar, junto dos colegas de classe Gerhard Ritcher e Konrad Fischer (então Konrad Lueg), a performance e depois movimento Realismo Capitalista, assim batizado para satirizar o Realismo Socialista, doutrina estética e artística oficial da União Soviética, bem como criticar a doutrina da arte guiada pelo consumo no capitalismo ocidental.
Nos anos 70 sua obra concentra-se principalmente na produção e manipulação fotográfica, em meio a suas inúmeras viagens pelo mundo. Em 75 torna-se a grande estrela da 13a Bienal de Arte de São Paulo ao vencer o grande prêmio de pintura e apresentar a série Day by Day, que será exibida pela primeira agora no MASP vez em seu formato original. Nos 80, experimenta diferentes tipos de tintas, compostos químicos e solventes e em 86 leva o Leão de Ouro na Bienal de Veneza pela instalação Athanor, com uma tinta por ele desenvolvida à base de pigmentos que reagiam à luz e umidade do local, mudando de cor. O prêmio consolidou seu nome como um dos mais importantes da arte alemã, ao lado de Richter, Joseph Beuys, Georg Baselitz e Anselm Kiefer.

Sigmar Polke era, sobretudo, um iconoclasta de espírito livre. Sua não categorização em escola ou estilo específico é,per se, a melhor definição de sua obra.

Sigmar Polke, a liberdade de querer,
de Teixeira Coelho, curador do MASP. Trechos*:
(...)
Quando faltam as palavras para captar alguma coisa, para explicar alguma coisa mesmo que seja apenas para si mesmo, quando na verdade está ausente uma capacidade de entendimento, recorre-se aos termos vagos: Polke foi chamado de artista pop, da versão do pop que veio do outro lado da Cortina de Ferro ou do Muro de Berlim. Dizer isso é dizer muito pouco, nada. Há expressões melhores para Polke. Em 2004 ainda a Tate, agora a Modern, de Londres, apresentou uma exposição compreensiva de sua obra. Essa mostra vinha sob um título que dizia bem aquilo que nela se ia ver: História de tudo. O título da exposição era bem esse: Sigmar Polke: History of Everything. E é bem isso que Polke fez, uma história de tudo. Sua arte é uma arte da história de tudo. A história é, a história ainda é o personagem central e um de seus motores centrais da obra de muitos artistas alemães, Gerhard Richter, Anselm Keefer e Neo Rauch, para ficar apenas com alguns dos mais destacados (com alguns dos que foram assombrados pela História). E o é também em e para Polke. Mas Polke, ainda mais que os outros, fez de fato com sua obra variada, feita de pinturas, guaches, gravuras, fotografias e filmes, uma história de tudo.
Uma história do futebol à política, passando pelas Olimpíadas e pelas cenas da vida contemporânea. Da Alemanha e do mundo.
(...)
Um artista, se diz, precisa ter o que dizer sobre o mundo, para que aquilo que ele diz se agregue ao mundo. O que Polke tem a dizer sobre o mundo é muita coisa. É tudo, quase tudo, todo o possível. Mas o que ele diz de central sobre o mundo, ao dizê-lo sobre a arte tem a ver com o modo da liberdade, o modo da liberdade de querer. E é isso que se identifica em Polke quando se pode vê-lo entre outros: a vontade da liberdade de querer, dificílima de praticar, dificílima até de imaginar, uma liberdade que em arte é divina. Como em outros campos da vida.
* Texto na íntegra: http://dl.dropbox.com/u/34085212/Sigmar%20Polke%20-%20Teixeira%20Coelho.doc

Realismo capitalista e outras histórias ilustradas,
de Tereza Arruda, curadora. Trecho*:
(...)
A alquimia de Polke era composta de intuição, planejamento e casualidade, além é claro, de todo tipo de materialidade que atravessasse seu caminho. A curiosidade experimental sempre fez parte de sua prática de vida. Graças a este desprendimento e incansável atitude laboratorial é que temos obras tão ricas em sua diversidade na mostra que aqui apresentamos. O percurso passa por técnicas distintas de impressão, colagem, montagem, desenho, fotografia, pintura sobre papel, jornal, folhas plásticas, material metálico entre outros. Vale aqui acentuar que para Sigmar Polke sua produção de obras sobre papel se encontra no mesmo patamar que sua pintura, sem ser uma produção secundária ou ainda esporádica. O artista se dedicou continuadamente a esta técnica, aberto à pesquisa de novos materiais que surgiam no mercado no decorrer do tempo.
* Texto na íntegra: http://dl.dropbox.com/u/34085212/Sigmar%20Polke%20-%20Tereza%20de%20Arruda.doc
 

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